Associações para tudo: será?

Associações para tudo: será?

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Filipe Rebelo / Presidente da Associação Portuguesa de Deficientes da Madeira

Na realidade premente de Portugal, à qual a Região Autónoma da Madeira não foge à regra, existem Associações para tudo. Na área social, a caridade, o apoio às mães, aos jovens, às crianças, aos sem-abrigo, aos idosos, aos deficientes e, dentro da deficiência, existem Associações para todas as deficiências.

Acho bem que existam associações, pois é uma realidade complexa para a qual o Estado não consegue dar resposta sem a existência das mesmas que complementam o trabalho realizado pelas diversas Secretarias e Organismos do Estado.

Contudo, o que não está bem é que existam muitas Associações a trabalhar para o mesmo, isto é, várias Associações na mesma área. Assim, não estão a complementar o trabalho realizado pelo Estado. Pois existem muitas que nada fazem. Estão abertas, a receber apoios governamentais, mas o trabalho realizado em prol da sua comunidade é zero. E é sobre isto que as entidades governamentais deveriam debruçar o seu trabalho, reformulando as regras que regem a atribuição de Estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social, de acordo com o que já existe e está a ser realizado em prol da realidade social e do que é necessário e viável de ser criado.

Deveriam repensar os critérios de atribuição de apoio governamental às Instituições, uma vez que, muitas não beneficiam de qualquer apoio governamental, o que limita o seu trabalho, e outras beneficiam de valores exorbitantes. Essas mesmas instituições deveriam trabalhar em rede, com técnicos especializados, para que fossem um complemento na sociedade.

E para tal, é também necessária a criação de uma plataforma informática comum a todas as instituições para que possam ter informações precisas relativas ao utente, de modo que as avaliações sejam o mais reais possíveis e, não haja sobreposições de pedidos. Obviamente que para contratar técnicos especializados é necessário ter sustentabilidade financeira. Mas o que acontece, devido à falta de apoios para algumas instituições é a existência de técnicos por alguns períodos de tempo – durante 9 meses aquando do Estágio Profissional ou durante 1 ano, aquando de Programas de Emprego.

Isto não permite que se criem bases de trabalho em rede, através do conhecimento e partilha de informações por entre os técnicos, pois não há tempo suficiente para criar um trabalho coeso, pois durante os programas de emprego, os técnicos estão em aprendizagem e adaptação à realidade e, quando já estão preparados para criar uma intervenção coesa já estão de saída para o desemprego. Nesta ótica, estaríamos a redistribuir melhor os apoios governamentais por entre as instituições, podendo chegar a mais utentes com carências económicas e promovendo uma realidade social mais equitativa.