Circo Mundial ‘referenda’ utilização de animais

Circo Mundial ‘referenda’ utilização de animais

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Instalado na Praia Formosa até ao próximo dia 11, o Circo Mundial enfrenta uma forte quebra nas receitas de  bilheteira. Rui Mariani, dono do circo, fala numa redução de 50% ao nível das entradas, comparativamente ao ano passado, e aponta o dedo à Câmara Municipal do Funchal (CMF).

“É simples. Este ano, o partido PAN e a Câmara do Funchal decidiram proibir os animais no nosso circo, uma deliberação em relação à qual discordamos totalmente e temos muitas dúvidas de que seja legal. Isso é o que está, naturalmente, a trazer enormes prejuízos”, lamenta Rui Mariani.

O empresário diz-se injustiçado e acusa a Câmara e o PAN de terem difamado o Circo Mundial, utilizando meios publicitários onde se insinua maus tratos animais ao invés de usarem esses mesmos instrumentos para colmatar os prejuízos causados.

“Usaram mupies com a imagem tratada de uma leoa que nada tem a ver connosco. Deviam era ter ajudado o circo, informando que, apesar de não haver animais, o espectáculo circense mantém grande qualidade”, refere.

Ainda a ponderar se regressa à ilha no próximo ano, Rui Mariani decidiu encetar, há cerca de uma semana, uma espécie de referendo à utilização de animais nos espetáculos circenses, tendo reunido já cerca de 300 assinaturas pelo sim e 70 pelo não. A ideia é apresentar ambas as recolhas à Câmara liderada por Paulo Cafôfo.

“Temos 270 assinaturas pelo sim e 70 pelo não. Parece-me clara a posição dos madeirenses em relação a este assunto. Devo acrescentar que muitas das pessoas que assinaram pelo não, escreveram que concordariam com os animais no circo se fossem bem tratados. Ora, isto é sem dúvida o resultado da publicidade contra o circo”, declara Rui Mariani, garantindo que nunca permitiu qualquer atitude de maus tratos aos animais na sua empresa.

“Nós não maltratamos animais, nunca o fizemos nem nunca o vamos fazer. Os animais que temos são domesticados, muitos deles são já de terceiras gerações. Se houvesse maus tratos eles nunca interagiam connosco como interagem. Isso não faz qualquer sentido”, sublinha.

Para além da quebra acentuada nas entradas que, segundo Rui Mariani,  o que mais tem causado revolta ao Circo Mundial foi o ‘timing’ com que a CMF decidiu proibir a utilização dos animais. “Fui muito prejudicado com esta medida da Câmara. Quando fui notificado pela Câmara, a 31 de Outubro, já tinha contratado números de renome internacional com animais”, revela, assumindo que só não teve de pagar cerca de 30 mil euros em indemnizações aos referidos artistas graças à relação de proximidade entre as partes e porque estes entretanto conseguiram colocação noutros circos.

CMF enviou carta a 31 de Outubro

A autarquia do Funchal enviou uma carta aos responsáveis do Circo Mundial no dia 31 de Outubro onde referia, na última alínea, no ponto 5, o seguinte: “A Câmara do Funchal informa desde já que não autorizará que o circo a instalar utilize nos seus números a apresentar ao público ou em exposições quaisquer tipos de animais seja de que espécie for”.

Rui Mariani diz mesmo que a autarquia do Funchal deixou no ar a possibilidade de não poder licenciar o Luna Park, caso o circo Mundial decidisse na mesma apresentar animais nos espetáculos à revelia da indicação da Câmara do Funchal.

“No documento diz que a autarquia não ia licenciar o parque também! O que lá está escrito mistura as duas coisas – o parque e o circo – e isto é puro terrorismo!”, acusa.

Depois de ter recebido o primeiro documento, Rui Mariani contestou de imediato o que lá estava escrito manifestando surpresa e total desacordo com a deliberação da Câmara do Funchal: “Os animais ditos de qualquer espécie que acompanham o Circo Mundial no circuito 2014  são parte integrante de números artísticos circenses de características tradicionais que vêm percorrendo as grandes e médias capitais e outras cidades da Europa sem qualquer objecção ou preconceito, sendo que um desses números, protagonizado por animais, representou Portugal no Festival Internacional de Circo realizado no Mónaco em 2013”, pode ler-se no documento ao qual tivemos acesso.

Tendo em conta o grande transtorno financeiro que tem marcado a passagem deste ano do Circo Mundial pela Madeira, Rui Mariani põe mesmo em causa um possível regresso no próximo ano. “Vou ponderar o que vamos fazer. Podemos não vir como podemos também ir para outro concelho da Madeira se estas imposições continuarem”, avisa.

Os argumentos dos madeirenses no ´referendo`

Entre as muitas mensagens de apoio deixadas pelos madeirenses a favor dos animais no circo, os argumentos invocados pelos assinantes do documento falam da “magia” associada aos números com animais, assim como “a tradição de largos anos” associada a esta ligação que “é fascinante para as crianças.”
Entre os não apoiantes houve quem exaltasse a qualidade do espetáculo “sem a necessidade de haver animais” e também quem entendesse que “os animais são maltratados e explorados no circo.”

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