A compra de títulos de dívida pública do BCE

A compra de títulos de dívida pública do BCE

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Pedro Trindade / Economista

Ao saber, que a partir de Março o Banco Central Europeu (BCE) vai começar a poder comprar títulos de dívida pública, fui rever umas “coisas” de Macroeconomia 1, um famoso modelo de equilíbrio geral na Economia chamado Mundel- Fleming. Para mim sempre foi chatinho de perceber. Assim, segundo este modelo, o Banco Central ao comprar dívida pública no curto prazo parece me que vai satisfazer-nos porque ao aumentar a quantidade de dinheiro na economia os juros baixam.

Os privados (empresas e particulares) vão ter melhores condições para se financiarem e investirem na economia e isso é bom. Também bom é o facto de ao aumentar a quantidade dinheiro (Moeda) faz com que esta se desvalorize face às suas “colegas “estrangeiras que passam a valer mais. Desta forma dá-se o aumento de curto prazo nas exportações, e mais dinheiro entra para nossa economia. E estes são os dois benefícios que se dão directamente da sua compra de dívida aos estados.

Até aqui tudo está bem, no entanto, como dizia o presidente Truman, era melhor pedir opiniões a economistas manetas pois quando se toma uma decisão em economia há sempre outro lado, que é a fuga de capitais cá de dentro do nosso país para outros investimentos mesmo dentro da zona euro que ofereçam taxas juro mais altas. Ou seja, os prazos aqui são importantes pois do ponto de vista do puro investidor especulador o que ele quer é ver quem dá mais.

A Economia é uma ciência de base matemática com modelos para isto e para aquilo, no entanto, a meu ver, não nos podemos deixar de convencer só por isto pois as expectativas e os comportamentos das pessoas no que diz respeito ao seu dinheirinho vai muito para além dos modelos.

Eu fico contente por saber que há mais um instrumento de politica económica, no entanto por vezes penso que se ainda tivéssemos o nosso velhinho escudo já teríamos feito nós próprios estas politicas anteriormente. Ao embarcarmos nesta viagem que se chama Euro não percebemos muito bem a falta de soberania que estávamos a perder. Portugal, na Europa, tem de bater o pé e influenciar ao máximo nas decisões relativas à necessidade ou não de vender títulos ao Banco Central.