Ligações aéreas prejudicam emigrantes na África do Sul

Ligações aéreas prejudicam emigrantes na África do Sul

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As ligações aéreas entre a África do Sul e a Madeira continuam a ser um grande problema e estão a afastar os emigrantes naquele país da sua terra natal. Quem o diz é Joe Quintal, membro do Conselho das Comunidades Madeirenses que é também vice-presidente da Federação das Associações Portuguesas da República da África do Sul.

“A TAP deixou-nos, o que foi muito mau! As ligações aéreas não são nada boas! Agora é preciso fazer voos de ligação para Maputo na South African Airways e depois apanhar voos de ligação para Portugal. O que acontece é que quando voltamos a Joanesburgo e paramos novamente em Maputo, principalmente à noite, já não temos ligação para Joanesburgo, o que nos obriga a ficar lá de um dia outro” E mais: “Quem quiser ficar em Maputo só fica depois de pagar uma taxa para sair”, criticou.

Joe Quintal diz mesmo que há emigrantes desejosos de vir à Madeira “matar” saudades da família mas não o fazem por este motivo.

“Há muita gente que não vem, principalmente idosos, porque a ligação é terrível e não dá para viajar. Essas pessoas deixaram de vir cá. E é isso que os Governos não estão a ver”, lamentou.

Outra das preocupações acentuadas por Joe Quintal está relacionada com a falta de confiança da emigração nos bancos portugueses. “Eu conheço um senhor que depositou num banco um milhão e 250 mil euros, dinheiro que está praticamente perdido. Os emigrantes têm medo. Quando alguém os visita dos bancos de cá, eles têm receio de investir na terra natal”, realçou.

Mas queixas não se ficam por aqui. Joe Quintal lamenta ainda a forma como os emigrantes na África do Sul são tratados pela Alfândega, na chegada a Portugal: “Quem vem de Joanesburgo é confiscado como se fosse um criminoso. Deviam de deixar de melindrar os emigrantes que visitam a sua terra natal!”

Sobre a violência na África do Sul, o vice-presidente da Federação das Associações Portuguesas da República da África do Sul diz que ainda há muito para fazer.

“É um situação grave. Já implementaram câmara nas estradas e nas cidades mas eles agora fogem e vão para os subúrbios, o que não é bom. Recentemente houve dois casais baleados. Puseram pedras na estrada e quando pararam o carro para tirar as pedras foram baleados!”A Polícia Sul-Africana anda com carros de grande cilindrada mas chega aos locais quase sempre tarde”, lamentou.

O DIRIGENTE ASSOCIATIVO MAIS ANTIGO DA ÁFRICA DO SUL 

Joe Quintal é membro do Conselho das Comunidades Madeirenses, delegado do Marítimo na África do Sul – que abrange as delegações na Namíbia, no Cabo, em Joanesburgo, Pretória e Moçambique – presidente da Assembleia-Geral do filial do Marítimo em Joanesburgo, secretário-geral da direção do Marítimo de Joanesburgo, e ainda vice-presidente da Federação das Associações Portuguesas da República da África do Sul.

“Sou o dirigente associativo mais antigo na África do Sul. Comecei no dia 4 de Março de 1967 na Associação da Colónia Portuguesa de Joanesburgo, depois fui fundador do Marítimo de Joanesburgo e também da Casa de Madeira em Joanesburgo”, recordou. “Luto pela comunidade e faço tudo por tudo para que os madeirenses continuam a sentir a Madeira mesmo à distância”, acrescentou, queixando-se de falta de reconhecimento da parte do Governo Regional.

Sublinhando que teve um papel “determinante” nos donativos dados da parte do grupo Gift of The Givers à Madeira após o temporal de 20 de Fevereiro de 2010, Joe Quintal, recorda:

“Eu andei de porta em porta a pedir e quando estava tudo recolhido para vir para a Madeira a TAP não deixou e mandamos 80 toneladas de coisas em três contentores”, lembrou. Para além dos mais variados eletrodomésticos, vieram também cadeiras de rodas, tanques de água, uma ambulância que foi entre à Cruz Vermelha e ainda um cheque de 268 mil rands que foram entregues, pela mão do presidente do Marítimo Carlos Pereira, ao secretário regional dos Assuntos Sociais Francisco Jardim Ramos.

Sobre as eleições no PSD-Madeira, Joe Quintal espera que Miguel Albuquerque dê sequência ao trabalho feito por Alberto João Jardim: “Esta mudança foi uma tempestade para a emigração porque Alberto João Jardim é uma pessoa muito acarinhada na África do Sul pelo bom trabalho que fez. Esperamos que o Miguel Albuquerque dê sequência a tudo o que foi feito”, sublinhou, confiante.

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