Nunca tantos foram tão poucos

Nunca tantos foram tão poucos

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São onze, entre coligações e partidos, os candidatos à Assembleia Legislativa Regional da Madeira. No total, são 16 forças políticas [já que o TC decidiu não validar a candidatura do PDR]. Algo inédito, sem dúvida.

Noutros tempos arriscar-me-ia a felicitar o Estado democrático e os direitos consagrados na CRP, os quais, nos permitiram uma tão grande, quanto inimaginável, participação de cidadãos que fizeram valer o seu sentido de cidadania. Mas não hoje. Não depois de conhecer os principais intervenientes de cada força política. É que a democracia tem destas coisas, ora nos limita na nossa ação [há regras a cumprir para se viver em sociedade], ora nos permite alcançar objetivos inalcançáveis numa democracia sã e responsável.

Esta subversão da democracia, o mesmo é dizer a falta de critérios para exercício de cargos públicos levou-nos a este roadshow de partidos que nem matriz ideológica têm. É por isso que, cada vez mais, se desconfia do político profissional e dos políticos em geral. A oposição, por exemplo, tem sido sempre oposição, não por mérito da maioria governativa, senão pelo excesso de vícios e falta de competências da esmagadora maioria da oposição. Haverá sempre quem se exclua desta equação de mediocridade.

Mas, a esses, falta-lhes espaço de intervenção num campo tão minado por aqueles que vivem às custas dos partidos que, qualquer tentativa de credibilizar o partido, é considerada um atentado à imagem do seu líder [igualmente alimentado pelos vícios que criou]. Esta falta de rigor, de competências, de ideias e de ideais assombra o futuro da Região. É um direito de todos e de cada um, é certo, mas quereremos nós alimentar esta leva de mediocridade que se nos apresentam muitos dos candidatos? Vejamos. Os debates promovidos semanalmente entre representantes dos partidos que irão ao escrutínio do povo revelam aquilo que todos tememos: nunca, como agora, o debate primou pela falta de ideias, de soluções, de novas abordagens para problemas que, infelizmente, não desaparecerão tão facilmente quanto alguns candidatos prometem de boca cheia e peito inchado.

É por existirem políticos desse tipo que reina a falta de confiança que o povo tem, perante candidatos que se recusam a trabalhar como todos os outros. Esquecem-se que o exercício de cargos políticos deve ser algo transitório, quanto mais não seja pela saúde da nossa democracia. Que venham novos intervenientes, mas que sejam sérios e capazes, que de circos e cowboiadas já ninguém gosta [ou assim espero].

Assim, caberá a cada um decidir o que pretende para o futuro da Região, quem é mais ou menos competente, não só para representar o povo na ALRAM como, decorrente desta eleição, quem deve estar legitimado para constituir a próxima equipa de Governo. Essa responsabilidade, já que não a assumiu a grande maioria dos candidatos, que a assumamos nós no dia 29 de Março.