“Se fosse pelo coração, treinava um dia o Marítimo”

“Se fosse pelo coração, treinava um dia o Marítimo”

Por
0

Fernando Santos gostava um dia de treinar o Marítimo. Disse-o em declarações ao AgoraMadeira, projeto ao qual o selecionador nacional se mostrou sensibilizado daí ter aceite o repto lançado de abordar um pouco mais a forte ligação que tem com a Madeira.

Como começou esta ligação que tem com a Madeira?

Já tem 36 anos. É claro que, antes, já tinha vindo cá jogar mas a minha ligação começou desde que tive a felicidade de vir jogar para o Marítimo. Fiquei muito ligado a esta terra pela forma como fui recebido. Estive cá um ano e tive muita pena de ter de me ir embora. Pena minha e pena também dos madeirenses, pelo menos aqueles que estavam mais ligados ao Marítimo. Mas há uma coisa que me marcou muito e ainda hoje marca. Tantos anos depois, volto à Madeira e muita gente fala comigo convencida de que cá estive muitos anos, o que não é verdade. Mas a ligação ficou, talvez fruto da minha esposa ter estado comigo nessa altura.

Foi uma ligação diferente dos outros sítios onde esteve?

Sem dúvida. Se por um lado eu era profissional de futebol, por outro, houve esta ligação mais familiar com as pessoas da terra. Uma ligação diferente já que normalmente o jogador fica um pouco ao lado. Eu criei muitos laços de amizade porque tenho muitos amigos aqui. Casais, gente que não tem nada a ver com o futebol e com a qual eu me liguei, por isso criei esta grande afinidade a esta bela terra que é a ilha da Madeira.

A sua filha casou, entretanto, com um madeirense, o que ainda terá reforçado os seus laços com a Madeira…

Sem dúvida. É curioso. Há 3/4 anos atrás a minha filha casou com um madeirense e hoje está cá. É juíza cá no Funchal e o meu neto vive aqui, daí a maior ligação minha a esta terra.

E como foi essa época de 1979/80 no Marítimo?

Foi um ano excelente. O treinador era o Manuel de Oliveira e o presidente do Marítimo era o Dr. Nicolau Borges. Foi com ele que eu vim mas depois saiu e entrou o António Medeiros. O grupo era muito bom, com muita gente de cá. O Noémio, o Rui, o Fernando, o Olavo, o Arnaldo Carvalho, o Eduardinho, o Joãozinho, o Hilário, o Camacho e ainda o China, um brasileiro que era um jogador fabuloso. Para além de um grupo forte, tínhamos também uma equipa muito boa.

As deslocações aéreas eram um problema?

Sim. Lembro-me de estarmos condicionados com a questão das deslocações. Nessa época era muito difícil as deslocações, o que condicionou-nos muito mas fizemos na mesma um excelente campeonato. As viagens eram tremendas e criavam-nos um grande desgaste. Fomos às meia-finais da Taça de Portugal, que julgo ter sido a primeira vez do clube. Acabámos por ser eliminados pelo FC Porto no estádio das Antas, mas foi um ano fantástico com uma equipa excelente.

Como eram as condições de treino da altura?

Treinávamos no campo do Liceu e no parque de estacionamento ao pé dos Barreiros. Mas na mesma digo que aquela equipa, nas condições atuais, podia ter feito coisas grandes.

Gostava de treinar um clube na Madeira no futuro?

Eu sempre disse que emocionalmente há dois clubes aos quais eu estou ligado, e muito: o Estoril e o Marítimo, portanto se fosse pelo coração havia dois clubes que eu treinaria um dia: o Marítimo ou o Estoril.

Artigos semelhantes