Debate

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Gonçalo Santos / Profissional de comunicação

É com distanciamento geográfico que comento os resultados das eleições na Madeira, uma semana depois de terem sido conhecidos. Não há muitas voltas a dar. Ganhou o PSD, perdeu a oposição no seu conjunto. A vitória do PSD é tanto mais expressiva quando se sabe que o partido passou por um quadro de indefinição interna que mais se assemelhou a uma guerra civil (apenas há seis meses) e que tem uma nova liderança, que afastou atores políticos de décadas, afastando também algum capital eleitoral.

Não sou daqueles que acha que o povo é pouco inteligente. Os madeirenses e portosantenses deram a maioria absoluta ao PSD e lá terão as suas razões, respeitáveis.

Não sendo dos eleitores, a culpa dos resultados é nossa, ou seja, da oposição. Há, assim, que procurar respostas e elas terão de ser encontradas no interior de cada partido, ficando em vantagem quem perceber primeiro o que se passou e os novos tempos que já chegaram.

Naquilo que respeita ao partido do qual sou militante de base, faço já uma declaração de interesses. Não advogo a mudança de liderança. Este não é o tempo nem o espaço para se discutir esse tema. Foi com José Manuel Rodrigues (JMR) que o CDS conseguiu os melhores resultados de sempre e a história não se apaga.

JMR foi eleito num Congresso, em Dezembro. O partido terá mais umas eleições, este ano, nas quais deverá assumir a responsabilidade de reeleger aquele que foi o melhor dos deputados da Madeira na Assembleia da República. Para isso, deve estar mobilizado.

Estatutariamente, haverá um congresso no meio do atual ciclo eleitoral. Esse será o tempo para falar de liderança. Não agora. Este é o tempo de discutir, de forma franca, os resultados eleitorais, procurando que essa discussão contribua para uma mobilização que é necessária.

A relevância e o poder mobilizador da discussão serão proporcionais à capacidade de incluir, e à capacidade que cada um dos principais protagonistas revelar para descer de reais, ou imaginários, pedestais, para vir ao encontro até do mais humilde dos militantes.

Na Madeira, no continente ou em Moçambique, um partido constrói-se através da inclusão e da humildade, quer nas sua relação com o eleitorado, quer nas relações de poder internas.

Que o debate se faça e que o trabalho recomece, rumo às “nacionais”.