Um lobo marinho foi encontrado com ferimentos «compatíveis com intervenção humana», segundo a Secretaria do Ambiente.

«O Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) está a acompanhar um lobo-marinho macho adulto que foi encontrado com ferimentos múltiplos há cerca de 2 semanas. Apesar de o animal não estar, aparentemente, em iminente perigo de vida, esta é uma situação que levanta grandes preocupações para os responsáveis deste Instituto.

O IFCN encontra-se atento e preocupado com uma sequência de mortes ou desaparecimento de machos adultos reprodutores nos últimos anos. Todos os animais que foram encontrados mortos ou feridos apresentam ferimentos compatíveis com intervenção humana, potencialmente voluntária e criminosa.

Em 2014, foi encontrado um macho adulto morto, o Esbranquiçado, com um corte no pescoço. Nesse mesmo ano, foi encontrado outro macho adulto, o Metade, com um ferimento semelhante que foi monitorizado durante vários meses e acabou por ser, também, encontrado morto. Embora, o estado de decomposição dos animais não tenha permitido identificar a causa de morte, foi possível verificar que os cortes não tiveram origem natural.

 A população adulta de lobo-marinho da Madeira apresenta, atualmente, uma taxa sexual altamente desproporcional na ordem dos 20% de machos adultos reprodutores. Esta situação começou a se agravar em 2015, quando morreram dois indivíduos.

Mais recentemente, foi a vez do Pontinhos, observado com um ferimento grave no ventre e numa das barbatanas durante alguns dias no mês de junho de 2020. Nunca mais foi observado.

Torna-se agora extremamente preocupante o facto de dois machos, o “São Lourenço” e o “Trincabotes”, aparecerem com ferimentos e cicatrizes que parecem ter mão humana ou resultarem da atividade humana. Refira-se que é um destes dois animais que está a ser acompanhado pelo IFCN por apresentar ferimentos na cabeça.

O alargamento da área de distribuição do lobo-marinho à Madeira e o facto de os machos serem animais com maior tendência para a “socialização” com o Homem, deixa-os mais vulneráveis face à atividade humana quer seja acidentalmente ou intencionalmente. Tendo em conta o tamanho reduzido desta população (não chega aos 25 indivíduos), o desaparecimento de um lobo-marinho que seja tem um impacto significativo para a população.

Neste panorama, é obrigatório continuar o trabalho de monitorização do lobo-marinho, investigar porque estão estes animais a aparecer feridos e atuar em conformidade com a situação. Se assim não for, poderemos estar no início do fim de uma espécie na Região que ao longo dos séculos tem demonstrado uma enorme capacidade de sobrevivência», informou a Secretaria do Ambiente.

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