A propósito

A propósito

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Sancho Freitas / Diretor Financeiro do CS Marítimo

A propósito de economia…

Tive oportunidade de assistir à apresentação da estratégia para o turismo da Madeira, elaborada pela KPMG. Aplaudo a iniciativa da ACIF mas confesso que lhe reconheço valor pelo diagnóstico que faz e não tanto pela terapêutica que prescreve.

Diagnóstico à parte, o documento sugere que a Ilha da Madeira deve avançar para um posicionamento que “passa por uma nova forma de estruturação do produto e da sua comunicação, mais direcionada à experiência do turista”. Em “concreto”, que se evolua de um modelo focado no “clima ameno e sol de verão em ambiente natural” para um outro, da “natureza complementada com a cultura e gastronomia”. E quantifica uma série de objetivos em diversos indicadores, de forma estranhamente precisa.

Quanto ao Porto Santo, propõe que se abandone o foco atual, de destino de “praia alavancado com a incorporação de conceitos ambientais e sociais” para o de “bem-estar com a praia como complemento diferenciador”.
Soube-me a pouco. Uns dirão que, por versar sobre estratégia, teria de ser mesmo assim. Respeito.

A propósito de política…

Primeiro. Admito estar enganado, mas esta coligação “liderada” pelo PS-Madeira, com Victor Freitas ao leme, não vai além dos serviços mínimos. Em concreto, cumprir aquele que me parece ser o seu primeiro propósito: assegurar a manutenção dos actuais mandatos e prevenir danos maiores. Via aberta para Miguel Albuquerque.

Segundo. Um novo sistema fiscal regional, desenhado para as nossas necessidades e em função das nossas especificidades, é fundamental para a Região. Não pode é ser concebido no contexto de uma campanha eleitoral, ser votado na ALM já no contexto de uma outra e discutido de urgência em Lisboa numa altura em que a governação da Madeira se encontra “em gestão”. Importa insistir.

Mas também não se pode, por veleidade, vender a ideia de que, num “passe de mágica”, de uma assentada e de forma imediata, é possível reduzir drasticamente a taxa de IRC e, em simultâneo, aumentar a receita fiscal regional de 125 M€ para 1.500 M€ /ano.

A propósito de nada…

“Um filósofo menor falava sem parar com Aristóteles e não deixava de o ir provocando com algumas críticas. Aristóteles nada dizia. Estranhando esta atitude, interpelou-o:
– As minhas palavras não são para ti um incómodo?
– Não, meu amigo. Há muito tempo que deixei de te ouvir.“