Treinadores

Treinadores

.
0

João Luís Lomelino / Ex-diretor para o futebol do Marítimo

Hoje, o meu tema é sobre treinadores.Imodestamente, posso afirmar que tenho uma certa experiência nesta área, pois desde que integrei as diversas direções do Marítimo colaborei com 22 treinadores: (14 portugueses, 3 brasileiros, 2 suecos ,1 espanhol , 1 holandês  e 1 russo).

Como podemos imaginar, os métodos de trabalho foram bastante diferentes. Inicialmente, os treinos versavam grandes jornadas físicas com treino de conjunto a meio da semana, mas com a chegada de novos conceitos os treinos por sectores foram sendo implementados e mais tarde com o novo princípio de que as equipas deveriam jogar mais compactas chegou-se aos treinos em curtos espaços de terreno para que os jogadores resolvessem mais rapidamente, com mais técnica e em menos área de acção.

Ressalvado o devido respeito pela opinião diversa, considero que o treino de conjunto será sempre obrigatório. Por exemplo: um jogador não irá realizar passes a longa distância, cruzamentos correctos e remates certeiros se não o fizer com muita regularidade durante a semana num quadro semelhante ao do jogo.

Também se revolucionou o treino físico: deixou-se os longos “cross” semanais e as subidas das bancadas a correr e os treinos de (pré-época) nas praias, (que tantos problemas “trouxeram” aos joelhos dos jogadores). A nova vaga trouxe os treinos físicos, sempre acompanhados de bola que proporcionam ao jogador um maior prazer mental/psíquico , dando-lhes preparação e técnica ao mesmo tempo.

Assisti a este desenvolvimento de métodos e questionei muitas vezes os treinadores para assimilar as suas ideias, conhecimentos e competências, embora nem todos tenham sido muito acessíveis em partilhar estas questões, talvez para resguardar a respetiva sabedoria. Do meu ponto de vista, a maior dificuldade de um treinador não é o treino diário, nem as convocatórias, mas a relação com os jogadores, compreender as suas atitudes e tirar o máximo rendimento de cada um, assim como as correcções tácticas durante os jogos: são nesses momentos que se faz a selecção entre os bons e os menos bons .

Para terminar, vou responder a uma pergunta que me fizeram muitas vezes, “Quem foi o melhor treinador do Marítimo?” A resposta foi e é Lazaroni, embora em termos de postura, conhecimentos e simpatia tenho sempre como referência o Prof. Nelo Vingada.

Ser treinador não é uma profissão fácil, porque muitas vezes tem que assumir indevidamente o mau desempenho dos seus jogadores, e menos fácil se torna quando os Presidentes, os Diretores, os adeptos e os comentadores/jornalistas pensam que dominam a técnica do futebol, o que é muito frequente.