A UMa e o Turismo – Do pensamento próprio à internacionalização

A UMa e o Turismo – Do pensamento próprio à internacionalização

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Francisco Fernandes / Ex-secretário da Educação e da Cultura

Há poucos dias, a Universidade da Madeira passou a assumir uma posição de liderança académica em matéria de Turismo: ‘pensar o Turismo’, ‘formar para o Turismo’ e ‘investigar em Turismo’.

A criação de uma cátedra de Turismo sob orientação de Josep-Francesc Valls, PhD, professor visitante da UMa e full professor do Department of Marketing Management, da ESADE Business School, de Barcelona, coloca-nos no caminho da construção de um suporte académico adequado e da produção de conhecimento específico na área do Turismo, na senda, aliás, da estratégia do agora integrado Observatório do Turismo da UMa, que a Madeira justifica em termos históricos, e com que a Madeira contará sobretudo num momento em que a aposta no Turismo volta a congregar os sectores público e privado, tendo como denominador o envolvimento comum na produção do recém-apresentado “Documento Estratégico para o Turismo na RAM – 2015-2020. (ACIF/KPMG, 2105)”.

Francisco Calheiros, Presidente da Confederação de Turismo Português, afirmou recentemente (Portugal Global, jan.º 2014) que o poder político já entendeu a importância da promoção e comercialização do Algarve, Lisboa e Madeira – só para citar as maiores regiões turísticas portuguesas – na captação de mais turistas para o nosso país. E mais: entendeu que essa é uma missão que lhe cabe não só a si, mas também às entidades privadas.

Entre nós, a ligação histórica da Madeira e dos Madeirenses ao Turismo, criou-nos, não só uma responsabilidade natural, como construiu uma dependência e atenção saudáveis para com um sector que representa 25% do PIB Regional. Porém, para além da visão económica, social e cultural que naturalmente se debruça sobre tudo o que o Turismo representa, o enquadramento teórico, a avaliação proporcionada pelo aprofundamento do conhecimento académico e pelos resultados de uma investigação capaz de construir indicadores e de os monitorizar e divulgar, transformando-os em instrumentos de decisão estratégica pública ou privada.

Segundo Josep-Francesc Valls (2015) assiste-se, do ponto de vista do turista, a uma mudança de valores: cliente cada vez mais exigente, informado e interessado em experiências íntimas e sociais; atraído por novas atividades (gastronomia, percursos, partilha, formação, social, ar livre, vida selvagem), atento ao “value for money”, cliente suscetível ao aconselhamento de amigos, sobretudo na internet, que planeia a sua experiência cada vez mais tarde e com menor envolvimento de intermediários, como resultado da sua hiper-conexão à internet e às redes sociais, sendo adepto do pagamento electrónico e estando especialmente atento ao respeito pela natureza e à responsabilidade social das empresas.

Estamos perante uma atividade que, para além de representar a maior fatia do PIB Regional, tem perspetivas de crescimento estimando em 4%/ano o que faz dela o melhor suporte do crescimento económico, da produção de riqueza e da geração de emprego.

A criação, no seio da Universidade da Madeira, do “Madeira Tourism International Center” direcionado para a Investigação e Inovação, Formação (Pós-graduação, Mestrado, MBA em Gestão do Turismo e Formação de Executivos e, ainda, a chamada ‘cross fertilization’ envolvendo Congressos Científicos, Palestras, etc., representa o pilar do conhecimento que não só estimulará os académicos, mas que também criará, no seio das empresas e da administração pública, o suporte teórico que instruirá as decisões e opções estratégicas.